Os times de futebol da região metropolitana normalmente sofrem com a falta de torcida. A proximidade da capital anula o nascimento de torcedores dos pequenos times das cidades que cercam Porto Alegre, fazendo a dupla Grenal absoluta em toda região. Mesmo assim, os pequenos nichos de torcida esbanjam devoção aos seus clubes.
Se Sapucaiense e Ulbra são novidades no cenário futebolístico gaúcho, o Clube Esportivo Aimoré tem história e tradição. O azul-e-branco de São Leopoldo foi fundado em 26 de março de 1936 e durante os seus 72 anos chegou a conquistar o vice-campeonato gaúcho, no ano de 1959. Naquele ano, sob o comando do técnico Carlos Froner, mestre do consagrado Felipão, o Aimoré revelou Mengálvio, que posteriormente se integrou ao imbatível Santos de Pelé. Os velhos Aimoresistas juram que até hoje o time da Vila Belmiro não pagou pelo craque.
Mas como após 10 anos de inatividade, de 1996 até 2006, um clube vizinho dos gigantes de Porto Alegre consegue ter jovens fanáticos torcedores? Difícil responder esta complicada equação, mas a liderança do octogonal da segunda divisão do campeonato gaúcho enche de euforia a gurizada seguidora do índio capilé. Depois de caminhada claudicante da primeira fase, com cinco vitórias e quatro derrotas, o Aimoré venceu os dois primeiros jogos e assumiu a liderança.
Mas em 2006, antes deste bom momento, nasceu o Núcleo Jovem Aimoresista. Dezenas de jovens formaram um movimento que trabalha incansavelmente pelo clube. Cantam durante os jogos, promovem eventos, organizam as acanhadas filas para compra de ingresso e as vagas no estacionamento do Estádio João Corrêa da Silveira. Sem remuneração, apóiam o Índio incansavelmente e nas duas temporadas anteriores, viram mais derrotas do que vitórias. Com o agravante de assistir o Sapucaiense, rival da vizinha Sapucaia do Sul, conquistar a segundona e jogar entre os grandes.
Alguns deles, mesmo após uma década sem poder ver jogos do time do coração, são torcedores exclusivos do clube, rechaçando qualquer manifestação colorada ou tricolor. E demonstram esta paixão na pele. Os irmãos Digue e Sandro Cardoso, juntamente com o amigo Ronaldo, idealizadores do Núcleo Jovem, tatuaram em seus braços o distintivo do time. Eternizaram no corpo a figura do índio guerreiro, que, graças ao amor de seus velhos e novos seguidores nunca vai acabar, como diz o hino do clube.